quarta-feira, 18 de maio de 2011

Depressão Pós-Parto




   Pouco conhecida e até a pouco tempo não compreendida e descrita na literatura médica, é um distúrbio que vem ganhando a atenção dos profissionais da saúde nos últimos anos. Do ponto de vista ocidental, um estado moderado de depressão uns poucos dias após o parto é muito comum e pode ser considerado “normal”, cerca de 60 a 70% das mulheres sofrem disso.
  Isto não é surpresa dado o cansaço do parto, provável dor perineal, dificuldade em se alimentar, repouso dificultado pela freqüente amamentação e desinteresse sexual. Este estado moderado de depressão tipicamente se inicia entre o terceiro e o quinto dias após o parto e é caracterizado por tendência ao choro, insônia, fadiga, desânimo e ansiedade. Em 10% dos casos deste grupo, os sintomas depressivos persistem, manifestando-se com ânimo deprimido, irritabilidade, insônia, sensação de ser incapaz de competir com o bebê e falta de interesse por sexo. Pode ser que leve o ano inteiro antes que a mulher volte ao normal, e algumas mulheres não voltam, desenvolvendo sintomas mais sérios.
  Pela visão ocidental, sintomas mentais após o parto podem ser classificados sob três categorias amplas de depressão, neurose depressiva e depressão psicótica.
   A depressão é caracterizada por um ânimo severamente deprimido, insônia, irritabilidade e incapacidade em retornar as suas atividades de forma plena. A raiva está freqüentemente presente e esta pode ser desabafada contra o seu parceiro ou mesmo seu bebê. A insônia constitui um grande problema, pois é misturado com a amamentação noturna. Sua energia é muito baixa e ela não se interessa por si mesma, por seu bebê ou pela família. A perda da libido está freqüentemente presente.
   A neurose depressiva é caracterizada por neurose obsessiva ou histeria, a mulher se sente miserável, chorosa e incapaz de controlar a maternidade, poderá desenvolver comportamento obsessivo ou fobias.
 A depressão psicótica é caracterizada por comportamento psicótico como desilusões, confusão, desorientação e aversão ao bebê, podendo tornar-se agressiva e falar gritando, maltratando fisicamente as pessoas ou rir de maneira incontrolável. Seu comportamento pode oscilar entre a mania e a depressão ou mesmo se manifestar com sintomas esquizofrênicos como paranóia, alucinações e desilusões, podendo chegar ao suicídio e atentados contra o bebê.
  Quando falamos sobre “depressão pós-natal”, não estamos nos referindo às mulheres que já sofriam de depressão antes do parto e sim de mulheres saudáveis  sem sintomas anteriores ao parto.
  Essa doença já é conhecida a muito tempo na medicina chinesa e foi descrita pela primeira vez por Wu Qian no livro clássico Golden Mirror of Medicine (1742). Segundo os autores a causa da doença é centrada nas condições do sangue. Para os chineses o sangue serve de base para a atividade mental, e dependendo de suas condições pode-se sofrer estados patológicos relativos ao funcionamento da mente. Para compreendermos estes princípios tomemos como exemplos os seguintes casos:
1º - um indivíduo com febre tem a temperatura do sangue elevada, o que faz com que circule com mais velocidade, ao nível mental ocorre o mesmo, agitação, confusão, delírios, muitas vezes com fala incoerente.
2º - um indivíduo com insuficiência de sangue, apresentando face sem brilho e pálida, normalmente sofre com a falta de memória, por ter uma mente mal nutrida.
3º - uma pessoa com estase sanguínea, dificuldade na circulação do sangue, sofrerá com dores e irritabilidade, como no caso das cefaléias.
Todos estes quadros nos mostram o quanto as condições do sangue são importantes para o correto funcionamento da mente. Dentro do contexto da depressão pós-parto o esforço e a perda de sangue que ocorrem no parto induzem ao estado de deficiência do sangue (não faço referência apenas ao volume circulante que é rapidamente “equilibrado” com a soroterapia, mas a qualidade do sangue, sua composição), e quando o sangue fica insuficiente a mente se torna deprimida e ansiosa. Isto causa estado de depressão, ansiedade moderada e fadiga, a nível mental a mãe se sente incapaz de reagir, fica chorosa e perde a libido, e pode se sentir raivosa ou culpada.  A partir da deficiência do sangue podem desenvolver-se após algum tempo, e em mulheres que tem predisposição a deficiência de Yin (princípio básico para homeostase Yin & Yang, a polaridade negativa que é oposta mas complementar a positiva), pode causar uma condição mais severa de depressão com ansiedade mais intensa, insônia, inquietude mental, agitação e transpiração noturna, todos sintomas que pioram no final do dia.
            As condições de comportamento neurótico, obsessivo, fóbico ou psicótico após o parto são comumente causadas pelo sangue estagnado que perturba a mente. Em tais casos a mulher não só fica deprimida mas também confusa, podendo exibir comportamento obsessivo ou fobias, e em casos extremos, pode manifestar comportamento psicótico ou até esquizofrênico. Podendo manifestar agressividade com comportamento ofensivo, ter alucinações e desilusões e manifestar tendências suicidas e pensamentos destrutivos contra o bebê.
            A depressão pós-parto e a neurose depressiva respondem muito bem ao tratamento por acupuntura, e na maioria esmagadora dos casos pode ser tratada em um período relativamente curto de tempo. 


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