domingo, 4 de junho de 2017

O Sutil Ajuste da Quiropraxia Instrumental



“Muito mais do que apenas colocar algo no lugar”

       Frequentemente nos deparamos com o pensamento de algo não está no lugar em nosso corpo, principalmente quando nos referimos a nossa “Coluna Vertebral”.

            Na realidade, a nossas articulações não saem do seu lugar de forma alguma, a menos que estejamos nos referindo a uma luxação ortopédica devido a trauma severo, fratura...

            Quando nos referimos em quiropraxia ao termo “subluxação”, estamos descrevendo uma condição que aponta para um quadro de bloqueio de um ou mais planos de movimento de uma articulação (flexão, extensão, rotação ou inclinação), gerando alterações cinesiológicas, neurológicas, bioquímicas e miológicas, que irá expressar-se através desconforto local, alteração de tônus muscular, formação de bandas tensas na musculatura, restrição de movimentos, compensações em articulações distantes e alterações de temperatura na região acometida. Porém, as subluxações não geram consequências apenas nas articulações e na musculatura, pois o nosso corpo é uma unidade funcional harmônica e interdependente, dessa forma, as raízes nervosas que atravessam as articulações subluxadas sofrerão interferências na condução nervosa causando disfunções nos tecidos, áreas corpóreas, órgãos e vísceras que são inervados por esses segmentos. Então, uma pessoa que sofre alterações digestivas, alterações de sono, humor e até mesmo do ritmo cardíaco podem estar sofrendo interferência devido à uma vértebra subluxada? Talvez... Essa é uma das possibilidades! Porém, como a rede de interdependência é complexa, não podemos afirmar que a alteração em um órgão dependa unicamente da integridade das vias nervosas, pois temos também causas internas, alimentares e psíquicas, entretanto, a saúde e integridade do sistema nervoso contribuem positiva e significativamente nessas disfunções.

            A neurociência está começando a descobrir a interação entre as conexões do estado emocional e a condição física, pois existe uma gama de substâncias químicas conhecidas como neuropeptídeos que atuam no sistema nervoso como transmissores de informações. Dependendo da composição desses hormônios fluindo através de nós, iremos refletir o que estamos sentindo emocionalmente.
            Grandes quantidades desses químicos localizam-se na nossa medula espinhal, isso significa que as nossas emoções e sentimentos são vivenciados por todo o nosso corpo e não apenas em nossa mente.

Isso nos remete a três possibilidades:

è Muitos bloqueios na coluna e nas articulações do corpo se desenvolveram enquanto estávamos lidando com situações de estresse, tensão, ou mesmo “pensando sobre o problema”. Dessa forma, nem sempre teremos disfunções devido à sobrecarga biomecânica ou fatores físicos. Emoções, pensamentos e sentimentos podem gerar um impacto considerável na nossa saúde e bem-estar.

è A coluna pode gerar prejuízos na mente: Devido às subluxações, as vias de informação do corpo ficam comprometidas da mesma forma que um instrumento musical perde a afinação. Comparativamente, perdemos a fluidez nos movimentos, manifestamos alterações na transição de um movimento para o outro, perda de equilíbrio, dores musculares e articulares, e a nossa mente poderá revelar sinais de labilidade potencializando conflitos e ainda distorcer a intensidade das nossas emoções, causando ainda mais conflitos interpessoais, alteração de sono, entre outros sintomas. A medicina convencional classificará essa condição como um equivalente depressivo (psicossomático) e prescreverá antidepressivos que causarão um novo problema e não atuarão sobre esses desequilíbrios na produção e circulação de neuropeptídios.

è Quando ajustamos a coluna vertebral o corpo pode sentir bem-estar, relaxamento, uma melhora imediata das condições físicas e psíquicas. Outra possibilidade comum é o paciente começar a lembrar dos momentos e fatores que geraram os seus sintomas, nesses casos algumas pessoas podem apresentar desconforto mental e podem necessitar de suporte adicional, porém isso é o resultado de estarmos atuando nas raízes do problema.

A técnica associa conforto, precisão e suavidade

A Quiropraxia Instrumental é realizada com um instrumento que produz uma manipulação de alta velocidade e baixa amplitude, permitindo a modulação precisa da força, intensidade e direcionamento do ajuste articular de acordo com a subluxação encontrada, e também em relação à idade, constituição física e fase da disfunção (aguda, subaguda e crônica), sendo uma abordagem confortável para o paciente e também para o profissional.

Embora no Brasil ainda seja uma novidade, nos EUA a técnica começou a ser desenvolvida em 1923 por Van Rumpt através da abordagem Non-Force, sendo apresentada em 1945.  Baseado na técnica Van Rumpt, em 1958 Arlan Fuhr começa a desenvolver um instrumento para os ajustes com precisão, suavidade e eficácia, sendo em 1961 o ano em que houve a popularização do seu método.
Atualmente a quiropraxia instrumental é a segunda técnica mais utilizada nos Estados Unidos, e a primeira em número de publicações científicas.


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Trigger Points - Pequenos Vilões da Dor

Trigger Points ou nódulos miofasciais são pequenas nodulações palpáveis no tecido muscular que se caracterizam por gerar dor local e irradiada quando pressionados. Quando a disfunção é recente, os sintomas são locais. Sente-se apenas dor local quando são pressionados. Em disfunções crônicas normalmente geram dores irradiadas ao serem pressionados. Muitos diagnósticos de fibromialgia, enxaquecas, dores orofaciais, ciatalgias tem como causa os nódulos miofasciais. Nesses casos é possível que os medicamentos como relaxantes musculares e analgésicos tenham apenas um efeito restritivo. Como não atuam na causa, apenas aliviam temporalmente os sintomas.

Quais as causas favorecem o aparecimento dos trigger points? Se nos embasarmos nas teorias da Medicina Tradicional Chinesa, partiremos do princípio que o fluxo livre de Qi (energia) e Xue (sangue) promovem a circulação, nutrição e funcionalidade dos diversos tecidos, órgãos e vísceras do nosso corpo. O estado psíquico-emocional interfere diretamente no fluxo energético, podendo gerar subidas anormais, fluxos contrários, estagnações, encistamentos e também irregularidades. Partindo de um pressuposto básico, quando a energia deixa de fluir livremente o sangue perde a capacidade de circular devidamente. As estagnações não ocorrem somente por causas energéticas e emocionais, pode haver fatores físicos como traumas,contusões e também fatores climáticos que podem acentuar o processo disfuncional.

De acordo com estudos realizados por fisioterapeutas e ortopedistas, os nódulos miofasciais são estruturas palpáveis localizadas em uma faixa tensa localizada no tecido muscular que espontaneamente ou através de pressão digital, produzem um padrão de dor referida reconhecida pelo paciente. Os processos fisiopatológicos ainda não são bem conhecidos, acredita-se que ocorrem devido a condições lesivas, como: microtraumas, isquemia, inflamação, sobrecarga funcional, estresse emocional, disfunções metabólicas, endócrinas, deficiências nutricionais e infecções crônicas são fatores predisponentes para o aparecimento dos Trigger Points. Mesmo com toda a tecnologia que dispomos a serviço da informação, poucos leigos sabem a respeito dos trigger points. Alguns talvez já tenham realizado sessões de acupuntura, shiatsu ou fisioterapia manual e tenham conhecimento a respeito desse tema. Uma expressiva parte da população utiliza medicação analgésica por longos períodos sem atuar na causa dos sintomas, dessa forma, além de não apresentarem melhoras significativas, causam prejuízos a outros sistemas orgânicos devido ao uso prolongado de medicamentos.

As imagens abaixo nos fornecerão exemplos de dores irradiadas devido à ação dos trigger points. O tratamento pode ser realizado através de diversas modalidades terapêuticas. Mais importante do que o método utilizado é a compreensão do quadro disfuncional, pois uma mesma disfunção pode ser corrigida por várias e distintas técnicas. O exemplo abaixo mostra a área de dor referida provocada por trigger points no músculo glúteo mínimo.


Por acaso o exemplo acima não revela os mesmos sintomas de uma ciatalgia? Se o exame neurológico não for positivo, se os exames por imagem não apresentarem alterações significativas, podemos suspeitar que os sintomas possam estar sendo produzidos por trigger points no músculo glúteo mínimo. Para ter certeza basta pressionar a região correspondente (X) e perceber se os sintomas são reproduzidos ou intensificados com a pressão digital. Certamente um tratamento completo não se caracteriza pela dissensibilização dos trigger points. Na prática clínica normalmente existem outras causas associadas produzindo o fenômeno doloroso. O exemplo acima serve apenas como referência de que os trigger points representam uma interferência nos sintomas e no diagnóstico da disfunção. No exemplo abaixo podemos confundir os sintomas de angina com sintomas produzidos por trigger points no músculo peitoral menor.

Agora um exemplo de como pontos sensíveis na região suboccipital podem gerar sintomas similares à enxaqueca.

Reconhecer a interferência dos trigger points e tratá-los adequadamente é uma parte importante do tratamento na remissão dos sintomas dolorosos. Devemos olhar para as disfunções com uma ótica abrangente e perguntar-nos porque determinada zona está sobrecarregada, com tensão anormal na musculatura, hipermobilidade, hipomobilidade... E qual a relação destes sintomas com outras regiões do corpo. A má postura pode ter sua causa nos pés, nos quadris, em disfunções craniocervicomandibulares, oftálmicos... E as causas não param por aí! Esse artigo serve apenas para ampliar a visão do leitor leigo a respeito desse tema tão amplo e complexo que é o fenômeno da dor.

Enfim, devemos pensar que todas as disfunções globais são compostas de várias disfunções locais, sendo que cada uma necessitará correções e ajustes específicos para que tenhamos sucesso na disfunção global. Um bom tratamento envolve boa relação profissional-paciente, entendimento do paciente sobre a sua afecção, bem como a compreensão de cuidados e processos específicas para cada etapa do tratamento. O alívio dos sintomas não representa o fim do tratamento, é apenas a primeira etapa do processo de reabilitação.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Reflexões sobre dor crônica

A Associação Internacional dos Estudos da Dor define a sensação como uma experiência física e emocional desagradável, associada ou relacionada à lesão real ou potencial dos tecidos.

A dor é uma experiência complexa que envolve o estímulo de algo nocivo e as respostas fisiológicas e emocionais a um evento. Existem dois tipos de dor: aguda e crônica. A aguda pode durar segundos, dias ou semanas, ocorre como um sinal de alerta após cirurgias, traumatismo, queimaduras, inflamação ou infecção. Já a dor crônica ou persistente pode durar meses ou anos.

Dores na coluna vertebral, ciatalgias, neuropatias, fibromialgia, lesões por esforços repetitivos (LER) e câncer também podem gerar esse tipo de dor. A dor aguda não tratada adequadamente pode evoluir para a dor crônica e se torna a própria doença do paciente. Conviver com essa sensação não leva apenas ao desconforto, mas compromete o bem-estar social e emocional do indivíduo, que pode sentir-se isolado, ansioso ou deprimido, além de afetar a produtividade no trabalho, o apetite e o sono.

Percebemos muitas vezes a dor como um sintoma aparentemente sem relação com uma causa devido as nossas percepções e paradigmas que nos servem de base. Inversamente quando encontramos a “causa”, essa causa é somente um achado dentro de nossa esfera de conhecimento e de forma alguma representa a totalidade que envolve a realidade clínica do paciente. Não raro nos deparamos muitas vezes com profissionais de distintas áreas que podem possuir um bom conhecimento dentro de sua formação, porém ainda assim limitados frente à complexidade da estrutura humana. Quando um indivíduo se depara com um quadro de dor aguda, normalmente faz uso de anti-inflamatórios e analgésicos. Essa conduta pode gerar alívio, ou mesmo eliminar a sintomatologia caso se trate de uma disfunção leve. Mas, se o quadro envolver maior complexidade ou gravidade, essa atitude apenas mascara temporariamente os sintomas e permite à pessoa fazer movimentos que não faria se não estivesse sob o uso de medicação. Dessa forma perde-se o alerta fornecido pelo nosso próprio corpo e as limitações que a disfunção impõe para a preservação da integridade estrutural. Quando a pessoa busca ajuda profissional muitas vezes o processo que era agudo torna-se crônico, pois não é raro perder algumas semanas realizando exames complementares e refletindo sobre qual abordagem terapêutica irá realizar. Ao iniciar um tratamento, nem sempre o profissional terá a capacidade para atuar em todos os níveis de comprometimento, o que torna o resultado do tratamento limitado. Uma abordagem multimodal com atenção multidisciplinar é o melhor caminho para quem sofre de dores crônicas.

O tratamento da dor crônica envolve paciência, persistência e também uma reeducação dos hábitos de vida. Muitos pacientes com dores crônicas não tem sucesso no tratamento devido à tendência de desistir tão logo apresente alguma melhora no seu quadro. A falta de esclarecimento e diálogo entre profissional/paciente faz com que o paciente não compreenda com clareza o seu problema e o que deve fazer ou evitar para que a melhora seja efetiva. Sempre que nos depararmos com o fenômeno da dor devemos prestar atenção em alguns pontos: O que provoca a dor? O que alivia a dor? Qual horário a dor se manifesta? A Qualidade e intensidade da dor (pontada, em queimação, surda...; Quais movimentos pioram a sensação dolorosa e quais podem ser realizados sem dor ou que proporcionam alívio; Apresenta dormência ou perda de força? Quais os locais onde a dor se manifesta, há irradiação? Quando sente dor, ocorre algum outro sinal associado? (Ex: quando tem enxaqueca sente azia e queimação no estômago). Essas informações são muito importantes para o profissional que irá avaliá-lo, e não somente para o profissional, mas também para uma melhor consciência do paciente sobre a sua totalidade estrutural, bioenergética e uma maior responsabilidade no reestabelecimento e manutenção da sua saúde e bem-estar.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Síndrome do Túnel do Carpo


    A síndrome do túnel do carpo é uma condição descrita comumente pela compressão do nervo mediano por um canal chamado túnel do carpo. Essa compressão pode manifestar-se devido à alterações hormonais, gestação, atividades repetitivas e sobrecarga física.
    Estruturalmente devemos levar em consideração que o sistema nervoso não se divide. É uma peça única e suas divisões são apenas didáticas. Partindo desse pressuposto, a dor em um local nem sempre é proveniente do local onde o sintoma se manifesta. No caso da síndrome do túnel do carpo as compressões podem ter origem na coluna cervical, no espaço entre a primeira costela e a clavícula, na musculatura do pescoço, na região do cotovelo, na musculatura do antebraço e finalmente no túnel do carpo...



    Normalmente quem sofre de síndrome do túnel do carpo pode referir sintomas locais, mas com o passar do tempo, pode referir uma sintomatologia mais extensa, podendo manifestar dor nos cotovelos, braços e na musculatura da cabeça e pescoço. Esses sintomas podem piorar dependendo do posicionamento, o que pode gerar noites com sono pouco restaurador devido aos sintomas de dormências e formigamentos. Esses sintomas nos fornecem indícios de comprometimento das raízes nervosas do plexo cervical (imagem acima).

    Analisando como a população lida com essa disfunção, vemos que a grande maioria ainda utiliza recursos pouco eficazes para lidar com esse quadro. Muitas pessoas utilizam anti-inflamatórios por longos períodos de tempo gerando reações adversas. Outros buscam através da imobilização o alívio temporário dos sintomas. Se analisarmos que uma compressão não envolve necessariamente inflamação, principalmente em quadros crônicos, e que a imobilização reduz o fluxo sanguíneo e também de outros fluídos orgânicos, como a associação de anti-inflamatórios e imobilização com tipóias e munhequeiras poderia favorecer uma melhora significativa?
O tratamento através da terapia manual ortopédica é simples, visa descomprimir as raízes nervosas, promover o deslizamento/mobilização neural, eliminar a dor, restaurar o movimento e a força muscular. A combinação com a medicina chinesa (acupuntura, fitoterapia, auriculoterapia, etc.) permite uma reabilitação ainda mais rápida e eficaz, pois leva em consideração outros fatores (alimentares, psíquicos e climáticos) que podem interferir fisiologicamente e manifestar-se em determinadas áreas ou trajetos do nosso corpo.

 (Abaixo uma demonstração de mobilização neural associado à liberação miofascial. O vídeo serve apenas como uma referência e não representa uma abordagem completa.)



 

terça-feira, 13 de maio de 2014

Hérnia de Disco – É possível tratar sem cirurgia?


Atualmente as disfunções vertebrais envolvendo protusões discais afetam cerca de 2 a 3% da população, tendo uma prevalência maior em homens do que em mulheres acima de 35 anos. A partir dos 16 anos de idade, a degeneração discal e o desarranjo interno do disco podem iniciar o seu processo. Em algumas pessoas isso ocorre devido a alguma disfunção biomecânica, atividade física inadequada, fatores hereditários e genéticos. O desarranjo interno do disco ainda não é uma hérnia, nem podemos dizer se ele irá ou não gerar uma protusão discal, mas é o início de um processo que pode culminar em lesões de maior gravidade.

Inicialmente os sintomas podem passar despercebidos pela população por não conhecerem os sintomas das disfunções discais. Muitos pensam em dores lancinantes quando se fala em hérnia de disco, mas em muitos casos o problema começa a se revelar quando surgem pequenas “dormências” e dores difusas de intensidade leve nos membros inferiores. Quando as manifestações de dormência e falta de força se manifestam nos pés, especialmente no hálux (dedão do pé), no dorso do pé (entre o 1º e 2º dedo) e na face lateral do pé, na região do 4º e 5º dedos, temos um sinal indicativo de compressão nervosa. Nesses casos o melhor é procurar ajuda profissional para realizar o diagnóstico normalmente associado a exames por imagem. Normalmente o processo de instalação do desarranjo interno do disco que pode evoluir para uma hérnia de disco é assintomático, silencioso, mas em condições biomecânicas favoráveis à lesão, pode manifestar-se subitamente provocando o quadro no qual o indivíduo fica “travado” sem conseguir retificar a sua postura e acompanhado de dor aguda. Nessas condições, o desespero pela remissão do quadro pode levar algumas pessoas a buscarem alguma forma de tratamento convencional para melhora dos sintomas e retorno das suas atividades. É importante salientar que quem sofre de um evento como esse quer livrar-se o mais rápido possível da dor, pode desejar alívio imediato através de técnicas invasivas ou até cirúrgicas, que também fazem parte das possibilidades a serem adotadas, porém, devem entrar em ação apenas quando outras formas de reabilitação não promoveram resultados satisfatórios.

O método de tratamento que uma pessoa escolhe é sempre uma decisão pessoal e não deve ser induzida por qualquer profissional da saúde que atue nessas disfunções tais como o médico, fisioterapeuta, osteopata, quiropraxista. Algumas abordagens terapêuticas mostram maior eficácia em determinado momento do tratamento dessas desordens, porém nenhuma delas é absoluta servindo como um método 100% eficaz na reabilitação dessas disfunções. Isso é devido de que algumas modalidades terapêuticas dão mais importância ao aspecto biomecânico da disfunção, outras ao componente neural, à estabilização do segmento afetado. Algumas modalidades procuram distribuir as tensões agindo sobre as áreas com hipomobilidade/hipermobilidade para uma melhor funcionalidade biomecânica reduzindo a sobrecarga em áreas com mais mobilidade e favorecendo o movimento em áreas mais rígidas. Com todas essas questões envolvidas em um único processo, muitas vezes os profissionais e pacientes encontram-se diante de um grande dilema... Profissionais que procuram assimilar em seu arsenal terapêutico abordagens distintas, porém complementares, são os que possuem uma maior probabilidade de atingir uma reabilitação satisfatória. A tendência atual é uma abordagem multimodal, ou seja, o profissional possui formação em várias modalidades terapêuticas para corrigir o distúrbio primário e todos os fatores associados que contribuem para a evolução patológica do quadro. Como somos constituídos por ossos, articulações, discos intervertebrais, cartilagens, músculos, ligamentos, tecido conjuntivo, tecido vascular, visceral, neural, todos esses fatores podem interferir e perpetuar a cascata degenerativa e impedir que o tratamento alcance o resultado esperado. A comunicação entre o profissional e o paciente deve ser esclarecedora para que ele possa compreender as fases do tratamento, as metas a serem atingidas, bem como possíveis limitações. Na primeira sessão o paciente deve ser instruído sobre todos os aspectos da sua disfunção, compreender os mecanismos da sua lesão, o que ele pode e deve fazer em casa, pois o tratamento para ter sucesso deve ter cooperação e dedicação por parte do paciente. Cuidados, prescrições de pausas regulares, indicação precisa de exercícios específicos que devem ser feitos em casa são necessários para produzir uma melhora positiva e progressiva. As principais causas de insucesso são: - Diagnóstico impreciso do profissional que elabora e efetua um tratamento que não corresponde com a etapa do quadro clínico do paciente; - Comunicação insuficiente entre profissional / paciente. - Falta de compromisso do paciente em realizar as indicações prescritas pelo profissional, dependendo completamente da atuação do profissional na sua recuperação. - Doenças como diabetes, alterações biomecânicas significativas e fumo prejudicam a evolução positiva do tratamento. Os fatores que conduzem ao sucesso são:
- Diagnóstico preciso, abordagem correta em relação ao quadro clínico presente.
- Compreensão dos sinais clínicos e das diversas disfunções associadas ao processo patológico principal que podem ser fatores perpetuantes da disfunção primária.
- Boa comunicação profissional / paciente.
- Compromisso do paciente com o tratamento.

 Inicialmente o tratamento visa proporcionar o alívio da dor através da descompressão do local afetado ao mesmo tempo em que promove a estabilização segmentar da região envolvida. A dificuldade na reabilitação reside no fato de que muitos profissionais não possuem uma formação abrangente, que permita promover a melhora em todos os fatores associados que incidem sobre a disfunção discal.



A estabilização segmentar precoce, de forma suave sem provocar estímulo doloroso também é aplicada precocemente, visando recuperar a função estabilizadora e diminuir o estresse da musculatura motora.
As técnicas de mobilização neural e articular permitem melhorar a mobilidade e plasticidade fisiológica do sistema nervoso, quando associadas à estabilização do segmento envolvido e ao relaxamento da musculatura motora promovem uma maior estabilidade, melhora da mobilidade e redução da dor. A abordagem Makenzie é utilizada para melhorar a mobilidade e produzir a centralização da dor, dessa forma a dor irradiada vai gradualmente retornando dos membros     inferiores em direção ao foco da lesão, que significa uma evolução positiva do tratamento.

Na última etapa do tratamento a estabilização segmentar visa fortalecer a musculatura estabilizadora, promover maior consciência corporal e a partir desse ponto, passa a fazer parte da vida do paciente, melhorando sua saúde e qualidade de vida e também prevenindo futuras lesões.

Cerca de 66% dos casos de pacientes com hérnia discal que foram tratados cirurgicamente não tinham uma indicação absoluta dessa intervenção. Necessitavam na verdade de um bom esclarecimento e o estabelecimento adequado plano de tratamento. A hérnia discal não é um processo irreversível, mas um processo que demanda perseverança, paciência, entendimento correto e aplicação correta de técnicas específicas durante a evolução do tratamento.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

San Zhen Liao Fa

Atualmente tem havido um crescente reavivamento na acupuntura das abordagens objetivas sem deixar de lado a complexidade da etiopatogenia clínica. Uma técnica que vem ganhando adeptos é conhecida como San Zhen Liao Fa, conhecida também como “método das 3 agulhas”. Seu desenvolvimento se deve ao trabalho do Dr. Jin Rui, professor titular da Universidade de Medicina Chinesa de Guanzhou. Suas características lembram as descrições dos médicos chineses antigos como Hua Tuo, que preconizavam o menor uso possível de pontos. No ocidente temos um trabalho similiar de J.B. Worsley que também utiliza um número mínimo de pontos de acupuntura, porém sua abordagem visa trazer maior equilíbrio ao organismo de acordo com a constituição do paciente, tratando desequilíbrios constitucionais.

A técnica das 3 agulhas visa utilizar 3 pontos de acupuntura com ações sinérgicas, onde um ponto potencializa as funções dos demais, reforçando os efeitos da terapia. Para pacientes que tem receio das agulhas é uma boa técnica para se utilizar nas primeiras sessões, além de não provocar dor, os pacientes percebem que não há necessidade de muitos pontos para um bom resultado. A forma de estimulação segue os padrões tradicionais, onde o direcionamento e manipulação corretos proporcionarão efeitos mais eficazes. O uso da moxabustão, ventosa ou sangria podem ser utilizados de forma associada. A técnica das 3 agulhas é utilizada para tratar sintomas, doenças e síndromes energéticas. Para realizar essa aparente simplicidade é necessário um profundo conhecimento da rede de canais de energia, funções isoladas e combinadas de pontos de acupuntura para que possa fazer o melhor tratamento com a menor intervenção.

domingo, 3 de junho de 2012

As Diferenças de Resistência de Acordo com a Constituição Humana

Baseado no Clássico Ling-Shu cap. 50 Desde a alta antiguidade o corpo humano e suas diferentes constituições e capacidades foram tema de muitos estudos de fisiognomia, como a arte chinesa de Mien Shiang, e outras formas de avaliação física estrutural, como a espessura e coloração da pele, tipos físicos e outros sinais com o objetivo de melhor compreender o ser humano integralmente, bem como seus pontos favoráveis e débeis, visando uma terapêutica capaz de tornar o indivíduo mais harmonizado à sua própria natureza e constituição. Se tomarmos a pele de uma pessoa como um dos parâmetros para perceber algumas características poderemos primeiramente avaliar se ela é fina ou espessa (resistente). Se for fina, saberemos que tem facilidade a sofrer invasão de fatores climáticos exógenos, que também são conhecidos como sazonais. Como a mente e a matéria são vistas como uma unidade, essas características também influenciarão nos processos psíquicos, então uma pessoa com a pele fina também é mais frágil à fatores emocionais externos, como sensibilidade à críticas, e agressões externas. Se a pele de uma pessoa é mais grossa e rude, essa pessoa normalmente é mais resistente à fatores externos climáticos e psíquicos, vulgarmente conhecido como um indivíduo “casca grossa”. De acordo com a coloração de base de nossa pele, que pode ser vista na pele da parte interna do antebraço, podemos perceber a cor que define a nossa constituição básica. Essa cor de base pode ser amarelada, levemente esverdeada, avermelhada, esbranquiçada ou levemente escurecida (não confundir com a cor negra). Se a pele for esbranquiçada e fina, saberemos que essa pessoa tem a tendência a sofrer com o calor no verão, pois sua constituição corresponde ao elemento Metal que é dominado pelo elemento Fogo, o que domina a estação do Verão. Essa pessoa terá a tendência sofrer insolação com maior facilidade em comparação com os demais tipos constitucionais, também manifestará secura nas vias aéreas superiores e mucosas oral e nasal, boca seca, sede, cefaléia e constipação. Os indivíduos que tem a pele mais espessa, normalmente não sofrem muito de invasões externas comparados aos de pele mais fina. Mas também tem seus pontos fracos. Grande parte sofre de doenças internas devido à causas psíquicas e alimentares. Os desequilíbrios alimentares normalmente ocorrem paralelamente aos desequilíbrios psíquicos. Tomemos como exemplo uma pessoa com a constituição do tipo Terra. Sua coloração tende para uma cor amarelo pálido, suas feições são suaves, sua movimentação é lenta, desequilibra-se facilmente devido às preocupações e nessas circunstâncias tende a nutrir sua carência através da alimentação e normalmente abusa do sabor doce. Basicamente temos cinco tipos constitucionais básicos, que podem muito bem possuir mais de uma constituição formando um padrão misto. Mesmo nesses casos existe sempre a predominância de um fator constitucional. Reconhecendo esses fatores teremos condições de perceber e compreender melhor as pessoas ao nosso redor. Na china antiga, essas condições influenciavam na escolha de uma profissão, de uma arte ou profissão a desenvolver, tendo a compreensão de que todas as formas são boas e úteis. Muitas vezes quando achamos que determinada pessoa não é boa em algo, talvez esteja realizando uma tarefa que não corresponde com as suas características físicas e psíquicas. Basicamente as pessoas da sociedade refletem as condições descritas pelos padrões constitucionais, mas temos exceções, entre elas os cultivadores de vias ortodoxas, tais como praticantes de falun gong, budistas, taoístas, xintoístas, iogues, cristãos entre outros, que buscam padrões morais e espirituais mais elevados e acabam sendo influenciados por algo mais elevado do que a própria constituição física. Esses segundo Lao-Tsé são os homens impossíveis de serem compreendidos, impenetráveis, discretos e não atuam segundo a lógica humana. Tais pessoas não reagem quando comparados às pessoas comuns, agem quando o esperado era que ficassem paralisadas, não revidam quando o natural é que se defendam, descansam tranqüilas em meio às dificuldades que fazem a maioria perder o sono, envelhecem mas não se tornam decrépitas. Possuem saúde embora padeçam algumas dificuldades físicas e orgânicas. Todos nós possuímos uma dupla natureza, uma física (carnal) e outra espiritual, juntas formam o ser humano. Há um dito na China que diz: O homem está entre o Céu e a Terra. É então influenciado tanto pela natureza espiritual quanto pela física. Cabe a cada um escolher a natureza que irá lhe guiar. Pode-se dizer que os únicos seres que desfrutam de liberdade são os de natureza superior, sendo que a grande maioria apenas reage inconscientemente aos estímulos que lhes são apresentados, vivendo estritamente dentro seus padrões constitucionais gerando sempre as mesmas respostas aos mesmos problemas, criando as causas e colhendo os efeitos que para muitos já são velhos conhecidos. Normalmente temos três possibilidades de viver nossas vidas: podemos ter dificuldade em algum momento de nossas vidas a ajustarmos a nossa natureza física constitucional gerando fatores de adoecimento, o que revela que não estamos vivendo de acordo com os nossos padrões e características; podemos ser indivíduos bem ajustados à nossa constituição e teremos uma vida que flui de acordo com nossa capacidade e potencial gerando satisfação e realização; ou podemos tomar a terceira opção, a via dos cultivadores e ter uma vida incompreensível para os demais e desenvolver a sensibilidade e visão interior que só os genuínos cultivadores possuem, não sendo restringidos pelos fatores físicos e psíquicos da sua forma constitucional.