A Associação Internacional dos Estudos da Dor define a sensação como uma experiência física e emocional desagradável, associada ou relacionada à lesão real ou potencial dos tecidos.
A dor é uma experiência complexa que envolve o estímulo de algo nocivo e as respostas fisiológicas e emocionais a um evento.
Existem dois tipos de dor: aguda e crônica. A aguda pode durar segundos, dias ou semanas, ocorre como um sinal de alerta após cirurgias, traumatismo, queimaduras, inflamação ou infecção. Já a dor crônica ou persistente pode durar meses ou anos.
Dores na coluna vertebral, ciatalgias, neuropatias, fibromialgia, lesões por esforços repetitivos (LER) e câncer também podem gerar esse tipo de dor.
A dor aguda não tratada adequadamente pode evoluir para a dor crônica e se torna a própria doença do paciente. Conviver com essa sensação não leva apenas ao desconforto, mas compromete o bem-estar social e emocional do indivíduo, que pode sentir-se isolado, ansioso ou deprimido, além de afetar a produtividade no trabalho, o apetite e o sono.
Percebemos muitas vezes a dor como um sintoma aparentemente sem relação com uma causa devido as nossas percepções e paradigmas que nos servem de base. Inversamente quando encontramos a “causa”, essa causa é somente um achado dentro de nossa esfera de conhecimento e de forma alguma representa a totalidade que envolve a realidade clínica do paciente. Não raro nos deparamos muitas vezes com profissionais de distintas áreas que podem possuir um bom conhecimento dentro de sua formação, porém ainda assim limitados frente à complexidade da estrutura humana.
Quando um indivíduo se depara com um quadro de dor aguda, normalmente faz uso de anti-inflamatórios e analgésicos. Essa conduta pode gerar alívio, ou mesmo eliminar a sintomatologia caso se trate de uma disfunção leve. Mas, se o quadro envolver maior complexidade ou gravidade, essa atitude apenas mascara temporariamente os sintomas e permite à pessoa fazer movimentos que não faria se não estivesse sob o uso de medicação. Dessa forma perde-se o alerta fornecido pelo nosso próprio corpo e as limitações que a disfunção impõe para a preservação da integridade estrutural.
Quando a pessoa busca ajuda profissional muitas vezes o processo que era agudo torna-se crônico, pois não é raro perder algumas semanas realizando exames complementares e refletindo sobre qual abordagem terapêutica irá realizar. Ao iniciar um tratamento, nem sempre o profissional terá a capacidade para atuar em todos os níveis de comprometimento, o que torna o resultado do tratamento limitado. Uma abordagem multimodal com atenção multidisciplinar é o melhor caminho para quem sofre de dores crônicas.
O tratamento da dor crônica envolve paciência, persistência e também uma reeducação dos hábitos de vida. Muitos pacientes com dores crônicas não tem sucesso no tratamento devido à tendência de desistir tão logo apresente alguma melhora no seu quadro. A falta de esclarecimento e diálogo entre profissional/paciente faz com que o paciente não compreenda com clareza o seu problema e o que deve fazer ou evitar para que a melhora seja efetiva.
Sempre que nos depararmos com o fenômeno da dor devemos prestar atenção em alguns pontos:
O que provoca a dor? O que alivia a dor? Qual horário a dor se manifesta? A Qualidade e intensidade da dor (pontada, em queimação, surda...; Quais movimentos pioram a sensação dolorosa e quais podem ser realizados sem dor ou que proporcionam alívio; Apresenta dormência ou perda de força? Quais os locais onde a dor se manifesta, há irradiação?
Quando sente dor, ocorre algum outro sinal associado? (Ex: quando tem enxaqueca sente azia e queimação no estômago).
Essas informações são muito importantes para o profissional que irá avaliá-lo, e não somente para o profissional, mas também para uma melhor consciência do paciente sobre a sua totalidade estrutural, bioenergética e uma maior responsabilidade no reestabelecimento e manutenção da sua saúde e bem-estar.